domingo, 18 de julho de 2010


Foi a realidade intima e particular mais emocionante de muito tempo. Correr da Barra ao Aterro, a Meia Maratona do Rio de Janeiro, a minha cidade maravilhosa que só estava nas músicas e no nome, mas que se abriu para mim nesse trajeto, que me mostrou Deus na perfeição da natureza, que me livrou do medo de lugares fechados, que me mostrou que posso fazer bem o que me dedicar para tal. Eu cheguei, eu consegui, eu não parei, eu corri os 21km que há 8 meses pareciam inatingíveis.
Cheguei a Barra embaixo de chuva, minha família sonolenta me deixou e eu meio sem saber o que iria acontecer, mergulhei naquele mar de gente feliz e ansiosa, aquecimento com chuva, alongamento apertada na marquise, largada atrasada, o coração pulsava solitário naquele mar de gente. Foi dada a largada para o meu Projeto 50 anos, aquele que inventei para não envelhecer, passei pelo meu marido e filhas, abraços e beijos e emoção e confiança, corri para chegar, entrei no tunel, medo, mas eu conseguia ver a saida, a luz no fim do tunel, e o povo gritava, me senti melhor, cheguei. Cheguei na vista mais linda do Rio, o mar visto do Viaduto do Joá, é tudo tão lindo que a subida não se sente, não vi, corri ouvindo Golden Slumbers, caiu bem , era o meu sonho dourado e eu alí podendo olhar aquele mar bem calma, sem estar dentro do carro. Até que chorando cheguei a São Conrado e nem vi o tunel de novo, lá na frente estava a Niemeyer que me assustava, 2k de subida, Nem me lembro o que tocava no ipod, meu coração disparou na hora que pisei naquela Avenida, alguém me reconheceu pela camiseta,era a Adriana, resolvi subir com ela, conversando, social a pé na Niemeyer, só mesmo o Rio pode proporcionar esta social. Me despedi, queria melhorar o tempo, desci com tudo, sei que estava errada, mas desci, queria chegar ao Leblon, relembrar minha vida nos 3 bairros que percorri nesses 50 anos, Olhei meu tempo, pace 5,48, perfeito, estava ótima, mas faltava muito.Vi Elisa e Dra Liz, amizades que fiz na corrida, força, nos desejamos, segui. Cheguei a Ipanema, de longe vi minhas filhas e marido me esperando passar, que felicidade, nunca tinha experimentado essa força durante corridas, passei por eles me aplaudindo e o orgulho (bom) cresceu ao som de Astor Piazzolla em Adios Noninos, deu um nó na garganta pensei na minha vida , de como é possível conquistar a qualquer tempo, de tanta gente juntas alí cada um com seu objetivo para chegar no mesmo lugar, foi quando cheguei a Copacabana, onde tudo começou, nasci alí, só saí para casar, lembrei dos meu pai atleta tardio, que me deixou esse exemplo, e as pernas gritaram, músculos de 50 anos começaram a dar lugar a dor, nem reparei mais o que tocava, comecei a entrar em desespero, não podia parar, eu queria completar correndo, até que alguém me deu gelo, um Senhor e eu gritei " Eu estou chegando" e lembrei que sou um ser inteligente e que dentro do que me preparei não era hora de desespero, faltavam poucos quilômetros e tocou "Imagine" e eu lembrei que quando comecei tudo isso eu só queria sonhar, eu não queria envelhecer prostada, mal humorada, gritei de novo, aprovação total, todos gritaram também, tunel de novo, Aterro chegou, eu estava perto de tanta coisa que o nó na garganta voltou, falta de ar, eu não quero morrer, para de chorar, eu completei, terminei, venci, e passei pelo chegada juntinho com o terceiro lugar da Maratona, levantei os braços agradecendo como se toda aquela festa fosse para mim e ra, naquele momento eu quis que fosse, afinal, era o meu Projeto 50 anos, um projeto de inicio de vida, nasci com ele, contamino pessoas, faço elas sentirem vontade de começar .
Por tanto e todos que a corrida me proporcionou vou continuar dando o primeiro passo e com o pé direito ao meu Projeto 50 que vai em frente agora rumo a Maratona. Eu chego lá.

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